Nave Incorpórea
Nave intocada e neutra, em mar de vidro,
indiferente aos símbolos se fixa.
No mastro o olho inclemente da pesquisa
e sem roteiro ou plano, o leme esquivo.
Na quilha, se existisse, de granito
ou de incenso talvez, em ondas místicas,
a minha solidão que o mar limita
por linhas intangíveis de infinito.
No mar apocalíptico do mundo
(vidro não seja, mas tormento) a nave
é minha alma esquecida em sangue e chumbo.
E tudo que me resta: mapas púnicos
da minha alma galera, inavegável
no tempo que é seu berço e foi seu túmulo
Livro: Hoje Poemas, p.65.

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