Em tuas mãos

Em tuas mãos caiadas pelo tempo
roteiros hão de vir, que tu ignoras.
Passamento de coisas na memória,
sufrágios de porquês e entendimentos

Em tuas mãos, o frio investimento
que chamas de futuro e não de agora.
Estrelas calculando rigorosas
parábolas de luz no teu silêncio.

Em tuas mãos, a humilde contextura
de nervo e gesto, sangue e indagação,
princípio e acabamento da estrutura

do que és: pretexto frio e aceitação.
Em tuas mãos, a grave tessitura
de um canto universal, sem solução.


Livro Hoje Poemas, página 80.

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