Soneto da Maternidade

Eis que setembro cai do calendário
sozinho como pêssego maduro,
guardando um gosto azul de seu diário
convívio entre a manhã e o tronco adusto.

Cai por destino só. Cai por fadário
como a coisa em seu fim. Cai ser recurso
como o tempo exaurido em seu horário,
no ciclo realizado pelo fruto.

Se o tempo em seu quadrante não retarda
meu curso passageiro, então que eu arda
em mim que me reservo e me consumo,

marcada não dos astros de mim mesma,
no equinócio talvez, sem mais surpresa
que o travo da semente e o acre do sumo.

Comentários