O Silêncio

Foi o silêncio que bateu à porta
e mais ninguém.    Foi o silêncio apenas.
E eu supunha lembranças, confissões,
palavras, gestos, mãos e pensamentos

e vestígio de corpo sem sentido
como os olhos somente.   E em procissão
passassem de repente à minha volta,
fantasmas recompondo a tua imagem

e seguindo depois falsos destinos,
ignorados destinos que não sei
prender comigo dentro de meu corpo.

Fechei os olhos como se fechasse
minha memória.    E, tímido, o silêncio
as portas me cerrou do coração.

Livro Hoje Poemas, página 44.

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