Transformação

Meu túmulo não foi selado.
A chuva trouxe ao meu corpo
mensagem do meu espírito.
O vento passou cantando
melodia inesperada.
Era a canção mais estranha
que um morto pode escutar.

Somente agora percebo
porque sorria o poeta
que dormia o sono eterno.
Ninguém decerto conhece
a verdade que se esconde
na face do que morreu.

Não entendo mais do mundo,
quero dormir sossegada.
Meus olhos cheios de musgo
tecem verdes fantasias.
Meus olhos virando areia,
meus braços virando folhas,
meu corpo inteiro floresce.


Livro Hoje Poemas, página 40.

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